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terça-feira, 30 de outubro de 2012

Cachorro "frankenstein" de nova animação de Tim Burton existiu de verdade

Pepe era um vira-lata fofo e branco que vivia com sua família num subúrbio da Califórnia. Seu dono era Timothy, um garoto tímido e com jeito de cientista maluco, que adorava filmes de terror e fazia suas próprias produções em super-8.

Tim nunca colocou Pepe para atuar em suas criações porque o cãozinho era doente e muito frágil. Tinha cinomose. E, de repente, morreu. "Foi quando eu descobri a morte. Minha relação com ele era forte, como o primeiro amor. Tinha uns nove anos. Nunca tinha vivenciado um sentimento tão puro... E, então, veio a tragédia."

Tim Burton lança "Frankenweenie" (foto), animação em preto e branco e em 3D sobre a morte do cachorro que foi seu primeiro amor; filme estreia em 2 de novembro no Brasil

A perda marcou tanto o menino que, quase 50 anos depois, ele decidiu fazer um filme baseado na experiência. Este é "Frankenweenie", de Tim Burton, que estreia no dia 2/11.

É um dos trabalhos mais autobiográficos feitos pelo criador de "Edward Mãos de Tesoura", "A Noiva Cadáver" e "Sweeney Todd". Conta a história do garoto Victor que, depois de perder seu cachorro, consegue ressuscitá-lo --só que em formato Frankenstein.

"O filme se refere a vários períodos do meu passado, a tudo que tinha sentido para mim quando criança. Tem a ver com o cachorro, mas também com Burbank [cidade onde nasceu], minha escola, meus professores", disse o cineasta, de óculos escuros e sempre vestido de preto, à Serafina, em Los Angeles. "Sentimentos perturbadores podem ser bons quando são enfrentados. Essa foi a chave."

A ideia do filme estava mofando na cabeça e na gaveta de Tim há décadas. Em 1984, o cineasta ainda desconhecido já havia filmado a história em um curta-metragem com atores, também para a Disney, que nunca foi lançado.

VEJA O TRAILER DE "FRANKENWEENIE":


Agora, a alegoria de seu primeiro amor chega numa mistura inusitada das técnicas preto e branco, 3D e "stop motion" (animação fotografada quadro a quadro), feita com bonequinhos.

No cinema, Pepe mudou de nome. Virou Sparky. E até trocou de raça. É (ou, pelo menos, parece) um bull terrier. O cachorro foi o primeiro boneco criado para o filme. Tim queria que ele se mexesse e agisse como um bicho de verdade. A partir do tamanho dele, que mede 10cm, foi estabelecida a escala para os outros personagens.

Doze Sparkys e 17 Victors, o garoto dono do cão, foram criados para o filme. Ao todo, eram 200 bonecos, todos de silicone e látex. Vários deles precisavam de "dublês" porque muitas cenas eram feitas ao mesmo tempo (um animador só consegue produzir cinco segundos de filme por semana) e, às vezes, os personagens se "machucavam". Um hospital de bonecos foi montado no set. E estava sempre lotado.

Com o filme e seu Sparky de olhos esbugalhados, Tim achou um jeito de imortalizar o amado Pepe. "Tem gente que acha que a trama ficou muito 'dark'. Mas, no fundo, é só aquela velha história de um garoto e seu cachorro." Com um toque de Frankenstein.

Fonte: FOLHA

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