Pesquisadores analisaram beluga que vivia em fundação da Califórnia.
Animal modificou mecânica vocal para produzir sons parecidos com a fala.
As baleias brancas ou belugas são capazes de imitar a voz humana, revela um estudo feito por um grupo de cientistas americanos na Fundação Nacional de Mamíferos Marítimos em San Diego, na Califórnia, e que será publicado nesta terça-feira (23) pela revista "Current Biology".
Tudo começou em 1984, quando o cientista Sam Ridgway e seus colegas notaram sons pouco comuns próximo do tanque de golfinhos e baleias brancas – ambos pertencentes à ordem dos cetáceos –, similares a uma conversa distante entre duas pessoas, mas que não era possível compreender.
Baleia branca, ou beluga, é capaz de produzir sons similares à voz humana
(Foto: AP Photo/John Bazemore)
Dias depois, os pesquisadores ficaram sem reação quando uma mergulhadora emergiu do tanque das baleias e perguntou a seus colegas quem tinha dado a ordem para que ela saísse.
Uma análise acústica determinou que os sons vinham de uma fonte surpreendente: uma beluga chamada Noc.
"Nossas observações sugerem que a baleia teve que modificar sua mecânica vocal para fazer sons parecidos com a fala", afirmou Ridgway, que atribuiu os esforços do mamífero à necessidade de estabelecer contato com os humanos.
Noc tinha vivido com golfinhos e outras baleias brancas e era visto frequentemente com humanos.
Os autores do estudo explicam que essa não é a primeira vez que eles acham que as baleias parecem imitar os humanos, mas neste caso decidiram recolher mais provas.
Ao gravar os sons de Noc, a equipe descobriu um ritmo similar ao da fala humana e frequências mais baixas que os sons típicos das baleias, muito mais próximos da voz humana.
"Os sons que escutamos eram um claro exemplo de aprendizagem vocal por parte da baleia branca", afirmou Ridgway.
O fenômeno é duplamente surpreendente, porque as baleias brancas fazem sons por meio de seu duto nasal e não da laringe, como as pessoas. Por isso, para produzir sons humanos, Noc teve que variar a pressão em seu trato nasal e realizar outros ajustes musculares, o que não é fácil.
Noc passou 30 anos na fundação e morreu há cinco, mas sua voz ainda pode ser ouvida nas gravações feitas pelos cientistas.
Fonte: G1
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