Os quelônios chegam a depositar 120 ovos a cada desova, em Rondônia.
No início deste ano, foram soltos 2,8 milhões de filhotes na praia do rio.
Quelônios se preparam para reprodução nas praias do Rio Guaporé (Foto: José Soares Neto/Divulgação)
Entre setembro e outubro, milhares de tartarugas deixam a proteção dsa águas do Rio Guaporé, em Costa Marques, RO, e em bando fazem o reconhecimento do local para desova nas praias. Para evitar um possível sumiço da espécie, os participantes do Projeto Quelônios do Guaporé fiscalizam a ‘praia’ para localizar onde os ovos foram depositados e protegê-los.
Quando o sol esquenta pela manhã, as fêmeas saem do rio e ficam na margem por um longo tempo até se sentirem seguras de ir para areia em busca de um local para desovar. A cerimônia da desova tem a duração entre quatro e seis horas. As fêmeas cavam buracos de mais de um metro de profundidade para esconder o ninho, onde deposita de 60 a 120 ovos cada vez. Após isso, ela cobre tudo com areia e volta para o rio.
O ritual de desova atrai animais carnívoros, como a onça pintada que consegue comer uma tartaruga adulta. Por estes répteis terem um casco muito resistente, nem mesmo o jacaré-açu consegue romper a proteção das tartarugas. Por deixarem rastros na areia na volta para o rio, o caminho das tartarugas denuncia onde está localizado exatamente cada ninho, chamando atenção de predadores.
O que preocupa os envolvidos no projeto de proteção dos quelônios é o próprio homem, que costuma pegar os ovos e vender na cidade. Os caçadores conseguem arrecadar até R$ 120 na venda de uma tartaruga fêmea adulta, que tem mais de um metro de diâmetro.
“Aqui na praia que a gente [do Projeto Quelônios do Guaporé] cuida, o número de pessoas que vem capturar é reduzido, no entanto nas demais praias, não há mais desova”, conta o coordenador do projeto, Zeca Lula.
Os ribeirinhos que participam do projeto percorrem as praias para localizar e identificar os ninhos onde foram depositados os ovos dos quelônios. “A gente marca o local com a data de hoje e daqui a 60 dias, que é o período quando os filhotes nascem, nós os recolhemos”, explica o ribeirinho Manoel Prado.
Mais de três milhões de tartarugas devem nascer até o final deste ano(Foto: José Soares Neto/Divulgação)
TARTARUGUINHAS
Os filhotes passam os primeiros dias de vida protegidas nos berçários da Associação Ecológica do Vale do Guaporé. Durante esse período, os recém-nascidos recebem abrigo e alimentação. Um mês após, os filhotes estão com quase o dobro do tamanho e prontos para serem soltos nas praias da região.
"No primeiro ano, sem muita precisão, foram em torno de 400 tartarugas que sairam para desovar. No ano passado, nós ultrapassamos 14 mil desovas. E este ano, a nossa expectativa, é ultrapassar 18 mil", ressalta Zeca Lula.
No início deste ano, foram soltos nas praias 2,8 milhões de filhotes. A meta para os coordenadores do projeto é soltar 3,4 milhões de filhotes de tartarugas.
Na natureza, de cada mil filhotes, apenas um sobrevive aos ataques dos predadores. Com a ajuda e proteção dos colaboradores do projeto, as chances aumentam em 15 vezes.
Fonte: G1
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