Páginas

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Carne de jacaré-açu abatido em reserva é vendida em Porto Velho

Animais são da Reserva Extrativista Cuniã.
O quilo da carne chega a custar R$ 30 ao consumidor.

Filé da cauda do jacaré-açu embalada na cooperativa formada por moradores da Resex Cuniã
(Foto: Vanessa Vasconcelos/G1)

Antônio Ednaldo de Souza, o Naldo, é o presidente da Associação dos Moradores do Cuniã, Reserva Extrativista (Resex) localizada a 100 quilômetros de Porto Velho. Na tarde de quarta-feira (31), Naldo trouxe para um supermercado da capital 400 quilos de jacaré. A comunidade extrativista fica a beira do Lago do Cuniã, que tem população estimada de 36 mil jacarés das espécies açu e jacaretinga, segundo o Instituto Chico de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). Em 2004, uma criança foi morta por um jacaré e desde então a comunidade se mobilizou para que fosse implantado o manejo desses animais. Ano passado houve o primeiro abate.

Naldo conta que todo o processo, desde a captura até a desossa do animal é feito por moradores da Resex, que se uniram e criaram uma cooperativa. São três equipes de quatro pessoas divididas em barcos que, no lago escuro laçam os animais. “O trabalho às vezes vira a madrugada”, diz Naldo. O abate só é realizado no dia seguinte a captura, após a higienização do animal.

O abate é realizado uma vez por ano, entre os meses de outubro e novembro, após o período de copulação. Ano passado, quando ocorreu o primeiro abate, 297 jacarés foram abatidos. Toda a carne produzida, mais de 1,6 mil quilos, foi vendida para um supermercado de Porto Velho. A expectativa do ICMBio é de que 500 animais sejam abatidos até o final de novembro.

Naldo é o presidente da Associação dos Moradores de Cuniã (Foto: Vanessa Vasconcelos/G1)

A carne é vendida em seis tipos de cortes: coxa e sobrecoxa, filé da calda, filé do lombo, lombo, ponta da costela e isca. O quilo do jacaré chega a custar R$ 30 ao consumidor. Um animal com 2,8 metros e 56 quilos, depois de abatido rende 16 quilos para consumo, segundo Naldo.

De acordo com a bióloga Luiza Passos, somente os jacarés-açu machos de 1,8 metro a 2,8 metros são abatidos. “Temos uma cota de cinco animais acima dessa metragem que podem ser abatidos, caso ofereçam risco aos moradores”, diz Luiza.

Novidade
O consumo de carne de jacaré não é comum em Porto Velho, mas o gerente do supermercado que comprou a produção da comunidade do Lago do Cuniã ano passado aposta que em breve vire moda. Maurício Luiz Oliveira conta que no ano passado todo o estoque foi vendido. “Desde então, os cliente perguntam quando estará disponível novamente. Enquanto eles [cooperativa] tiverem para vender, nós compraremos”, afirma o gerente.

Para divulgar a venda da carne exótica, o supermercado realizará degustação. “Ano passado servimos ele empanado, este ano os clientes poderão experimentar o risoto de jacaré”, adianta Maurício.

População de jacarés no Lago do Cuniã é de 36 mil animais, segundo o ICMBio
(Foto: Marcela Ximenes/G1)

Fonte: G1

Nenhum comentário:

Postar um comentário