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quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Governo adia distribuição de vacina contra raiva em boa parte do país





No Nordeste e nos Estados do Pará, Maranhão e Mato Grosso do Sul, onde o risco de circulação da raiva entre animais é maior, o medicamento já foi distribuído

Agosto é o mês do cachorro louco - segundo a crença popular. É também o período em que tradicionalmente se realiza a vacinação gratuita de cães e gatos contra a raiva, no Brasil. Mas, neste ano, a tradição foi rompida em boa parte do país.

Por conta dos graves efeitos colaterais causados pela vacina usada em 2010 - que provocaram até mesmo a morte de animais em alguns Estados, como São Paulo e Rio de Janeiro -, a campanha preventiva está suspensa em toda a região Sudeste, Mato Grosso, Goiás, Tocantins, Amazonas, Amapá, Acre, Rondônia e Roraima, além do Distrito Federal.

E por período indeterminado, afirma Cláudio Maierovitch, diretor do Departamento de Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Vigilância e Saúde do Governo Federal.

- O ano passado foi muito traumático para todos os envolvidos nesse trabalho. Houve uma mudança na tecnologia [usada para fabricar a] vacina empregada, o que, em tese, significava uma evolução. [Mas os efeitos colaterais em alguns animais] levaram à suspensão do uso daquele produto. De lá para cá, foram feitas duas coisas. Uma delas foi a busca de um novo produto, mais seguro. A segunda foi a compra de vacinas do exterior para que não deixássemos de agir em locais prioritários [onde o risco de contágio é maior.

Para resolver o problema nos Estados onde o risco de contaminação de animais é maior, o governo federal importou 10 milhões de doses do medicamento. No Maranhão e no Ceará, a vacinação já foi realizada.

- Essa vacina importada já é conhecida nossa. Não é a primeira vez que o Brasil a utiliza. Além disso, vem sendo empregada em diferentes países.

As datas das campanhas nos outros locais que já receberam seus lotes de vacina - região Nordeste, Pará e Mato Grosso do Sul - serão definidas pelos governos locais.

À espera

Para os 12 Estados restantes, além de Brasília, será distribuído um medicamento brasileiro, fabricado pelo laboratório Tecpar (do Paraná).

Mas esta vacina, feita a partir do mesmo método usado nas doses usadas no ano passado, ainda está em fase de testes.

Maierovitch explica que, apesar de não haver uma conclusão sobre o que causou as reações graves em certos animais após a aplicação da vacina em 2010, a hipótese mais aceita é a de que aquele medicamento continha uma proteína estranha aos organismos de cães e gatos em altas concentrações.

- Mesmo com a purificação [da vacina usada na campanha de 2010, talvez] ainda tenha restado uma quantidade grande de elementos estranhos. Para superação dessa provável causa, o que se tem feito é aumentar o período da etapa de purificação dessas proteínas estranhas. Depois de purificada, essa vacina será testada em cães e em gatos para se verificar se o suposto problema foi de fato superado, já que se trata de uma hipótese.

Segundo o diretor do Departamento de Vigilância Epidemiológica, os donos de cães e gatos que moram nos locais onde a campanha está suspensa não devem se preocupar.

Ainda que a vacina tenha duração média de um ano, já que nessas regiões a ocorrência de raiva em animais não é observada há muitos anos, o risco é mínimo.

- Se estivéssemos uma situação de circulação do vírus [nos 12 Estados que não receberam a vacina importada e também no DF], essa preocupação existiria. Mas há mais de dez anos não há identificação de raiva em cães e gatos nesses locais. Mais ainda em humanos.

Na região Sul, onde a doença não ocorre há muito tempo, o governo não realiza campanhas de vacinação gratuita dos animais.

Fique atento

A raiva é uma doença praticamente mortal, que atinge também morcegos e pode ser transmitida aos humanos.

Se o seu bichinho de estimação tiver mais de três meses, ele já pode ser vacinado. Até mesmo as fêmeas que estiverem esperando filhotes precisam ser protegidas da doença.

Cachorros devem ser levados aos postos de vacinação com coleiras e guias. Os mais nervosinhos precisam ir também de focinheira.

Os gatos, que costumam ser mais ariscos em ambientes desconhecidos, podem ser contidos na hora de tomar a agulhada se estiverem envoltos em uma toalha ou um lençol.

Fonte: R7

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