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sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Quatro novas espécies de peixes podem ter sido descobertas em MT

Levantamento científico ocorreu durante expedição no Noroeste do estado.
Primeiro estudo na área foi da expedição Roosevelt-Rondon, em 1913.

Quatro novas espécies de peixes podem ter sido descobertas durante a expedição Guariba-Roosevelt, que reuniu pesquisadores e cientistas em uma área de preservação no estado do Mato Grosso. O grupo também teria registrado uma nova espécie de macaco do gênero Callicebus - conhecido como zogue-zogue.

A descoberta das quatro espécies de peixes foi realizada em rios de cabeceira. Os animais que mais chamaram a atenção dos pesquisadores durante os trabalhos em campo foram um lambari pescado numa região de campinarana (áreas de campos amazônicos), próxima ao rio Roosevelt, e um bagre coletado nas imediações do rio Madeirinha. O que leva os pesquisadores a crer que são espécies novas são suas características físicas.

“Essas espécies indicam um alto endemismo na região, o que pode nos ajudar a compreender o padrão de evolução das espécies na área. E também levantar hipóteses sobre o que pode estar fazendo algumas dos peixes coletados estarem desaparecendo e ameaçados de extinção”, diz Machado. Os peixes coletados foram levados aos laboratórios da Unemat, em Alta Floresta, a 830 quilômetros da capital Cuiabá. Lá, estudos mais detalhados vão comprovar se são de fato novas espécies.

A pesca ilegal e os garimpos foram as principais ameaças à biodiversidade encontradas na região. A Secretaria Estadual de Meio Ambiente do Mato Grosso chegou a fazer uma autuação na área durante a expedição. “Apesar disso, ainda constatamos que muitas das áreas permanecem intacta, apesar da proximidade e da facilidade de acesso pelas cidades no entorno”, diz Machado.

Peixes encontrados durante expedição que pode ter coletado quatro novas espécies de peixes 
(Foto: Juvenal Pereira/WWF-Brasil)


“Todas essas descobertas indicam a grande biodiversidade que ainda há para ser descoberta na região”, diz Mauro Armelin, diretor do Programa Amazônia do WWF-Brasil. ‘”São muito raras para a ciência essas novas descobertas, mas acredito que isso ocorra pela escassez de pesquisas. Perdemos a chance de conhecer espécies antes mesmo que estas desapareçam pelo desmatamento”. O último levantamento de fauna e flora que ocorreu na região foi nas décadas de 1970 e 80.

Expedição Roosevelt

A expedição percorreu quatro unidades de conservação no Noroeste do Mato Grosso, que envolvem o rio Roosevelt. A região abriga os últimos remanescentes de floresta do Estado, que hoje é um dos campeões no crescimento do desmatamento, segundo dados do governo federal.

“São regiões pouco estudadas. A grande maioria dos levantamentos de ictiofauna hoje acontece em grandes rios, ou no mar”, afirma James Machado, um dos biólogos responsáveis pela coleta e pelos estudos que comprovam a descoberta – feita em parceria com os pesquisadores Solange Arrolho, da Universidade Estadual de Mato Grosso, e Rosalvo Rosa Duarte do Programa de Pesquisa em Biodiversidade (PPBIO) do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT).

O primeiro levantamento científico na região aconteceu quase cem anos atrás. A expedição foi coordenada pelo marechal Cândido Rondon e pelo ex-presidente americano Theodore Roosevelt, entre 1913 e 1914. Eles foram responsáveis pelo mapeamento do rio batizado em homenagem a Roosevelt. Muitos animais coletados na região fazem parte hoje da coleção científica do museu Smithsonian, em Washington, nos EUA.

Fonte: G1

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